As informações biográficas a seu respeito não são muito precisas,
mas sabe-se que foi um grande filósofo hindu que viveu no século II
d.C.. Escreveu os Yoga Sutras, famosa exposição de Yoga, que deu
lugar a numerosas comentários e traduções.
Patañjali baseou-se em obras já existentes ao compor seus aforismos
(sûtra), mas além de compilar e sintetizar os conhecimentos de um
profundo sistema de desenvolvimento espiritual, Patañjali foi uma
grande autoridade em Yoga e muito provavelmente o chefe de uma escola,
na qual o estudo era visto como um aspecto importante da prática
espiritual. Deu à tradição yogue a sua forma clássica (chamada de
Yoga clássico), ao construir uma estrutura teórica homogênea e
capaz de equiparar-se as outras tradições da Índia como o Vedanta,
o Nyâya e o Budismo.
O Yoga de Patañjali representa o climax de um longo desenvolvimento
da tecnologia yogue. De todas as escolas que existiram nos primeiros séculos
da era Cristã, a escola de Patañjali foi a que acabou sendo
reconhecida como o sistema oficial (darshana) da tradição yogue. No
ocidente sua obra tem igual relevância a ponto de alguns entusiastas
considera-lo como o pai do Yoga.
Segundo Patañjali, no aspecto mais elevado do homem, está a
realidade transcendente, o Ser ou Espírito (purusha). Para o Yoga clássico,
o Ser é o princípio da pura Consciência (cit). É absolutamente
distinto da consciência ordinária (citta) com o seu turbilhão de
pensamentos e emoções. Para Patanjali, essa contradição é a
verdadeira origem do sofrimento humano, pois gera a ilusão de que nós
somos o corpo e a mente individual, e não o Ser transcendente
imortal. A ignorância espiritual está no fundo da nossa identificação
errônea com o corpo e a mente finita. Ela é a fonte dos nossos
desejos e aversões, bem como do chamado instinto de sobrevivência. A
atenuação e, por fim, a transcendência de todas essas coisas são
os objetivos da psicotecnologia do Yoga.
A espiritualidade prática de Patanjali compreende oito aspectos
conhecidos como os membros (anga) do Yoga. São eles:
1.
Yama (disciplina moral, ética).
2.
Niyama (autocontrole).
3.
Âsana (postura).
4.
Prânâyâma (controle do prana pela respiração).
5.
Pratyâhâra ( recolhimento dos sentidos).
6.
Dhâranâ (concentração).
7.
Dhyâna (meditação).
8.
Samâdhi (êxtase, cosmo-consciência).
Glossário:
Sûtra, palavra sânscrita que significa “fio”, é uma composição
de afirmações aforísticas que, juntas, dão ao leitor um “fio”
para amarrar todas as idéias importantes que caracterizam uma escola
de pensamento hindu. Os sûtras, geralmente escritos em sânscrito,
utilizam termos que são em si mesmos expressões altamente
condensadas de conceitos bastante complexos.